Há alguns anos, a comunicação acontecia de modo linear. Isso porque a população contava com poucos veículos à sua disposição e precisava esperar o noticiário para saber o que acontecia ao redor do mundo. Desta forma, o jeito de viver era completamente diferente. Além da imprensa, as pessoas se conectavam por meio de conversas de telefone, cartas ou presencialmente. Era assim que se tornava possível conhecer alguém, paquerar, fofocar, trabalhar, trocar experiências e somar conhecimento.
O surgimento da Internet, anos depois, foi um divisor de águas, nesse sentido. A informação que demorava 24 horas ou mais para chegar até as casas, começou a vir quase que em tempo real. As redes sociais e os aplicativos de conversa, como o WhatsApp, fizeram com que as pessoas mudassem completamente seus hábitos. Afinal, pra que ir até meu vizinho bater um papo se posso mandar uma mensagem? Também estamos na geração do “tenho pavor de ligação, escreva que já te respondo”. Os jantares em família e as happy hours, normalmente, são com todo mundo olhando para a tela do celular.
As palavras escritas e as fotos conseguem mascarar o nosso estado de espírito e fraquezas momentâneas, que são completamente normais em todos nós, vale ressaltar. Você pode estar em um dia péssimo e conseguir transmitir a imagem de feliz, pleno e de bem com a vida para os outros. Tanto que isso acabou virando um grande negócio, pois esse lifestyle dos sonhos passou a ser almejado por muitos, na profissão influencer.
Da mesma forma que essa grande capilarização da Internet trouxe facilitadores para a comunicação e aproximou pessoas, acabou criando também certas carências aos indivíduos. As relações, ao mesmo tempo que ficaram mais fáceis, também estão mais rasas. E as pessoas falam (ou escrevem) muito mais que ouvem, o que dá um sentimento inevitável de solidão.
E é aí que chegamos no ponto-chave desse texto. Foi preciso contar toda essa história para explicar a importância dos podcasts. Programas de áudio que reúnem grupos de pessoas para debater temas variados e aprofundar questões do cotidiano. É uma mídia de transmissão de conteúdo e de informações dos mais variados temas. Diante do que falamos anteriormente, que as pessoas estão com esse vazio de se aprofundar em assuntos de seu interesse e ainda precisam treinar o hábito de ouvir, estes aplicativos viraram febre.
Seguindo o ritmo acelerado de um mundo volátil, incerto, complexo, ambíguo e bem mais conectado (Mundo VUCA), o fenômeno podcast conseguiu conquistar um amplo espaço entre ouvintes de diversos perfis, em sua maioria formadores de opinião e cada vez mais exigentes na busca por conteúdo de qualidade. Resumindo, o podcast é como um programa de rádio, e o seu maior atrativo é o conteúdo “on demand”.
De acordo com dados da PodPesquisa do ano de 02018, realizada pela ABPod — Associação Brasileira de Podcasters — em parceria com a rádio CBN, dos 22.993 brasileiros participantes, 39,7% deles já consomem podcast há mais de cinco anos. Além disso, 75,3% dos pesquisados apontaram a diversidade e a qualidade de conteúdo como fatores estimulantes e atraentes. Já a pesquisa da agência Volt Data Lab, que coletou dados do agregador Pocket Casts, mostrou que os 100 principais programas do Brasil publicaram mais de 3.400 episódios em 2018, dando sequência a uma curva de crescimento acentuada e contínua que vem desde 2014.
Tanto que hoje, muita gente começa assuntos com “ouvi no podcast tal” ou “fulana do podcast tal estava contando”; quase fontes oficiais de informação nesse mundo que sabemos que é completamente não linear. Os indivíduos se sentem quase amigos dos apresentadores de seus podcasts preferidos, pois acabam aprendendo, se identificando com os casos e as vivências. É como aquele café na vizinha de antigamente! Pensem conosco: biologicamente, somos os mesmos. Apenas nos adaptamos a novas formas de viver, então, provavelmente o que nos trazia prazer no passado, trará hoje, mas de forma ressignificada.
Quando falamos de não linearidade, estamos presenciando um novo contexto de mundo. Em virtude deste novo cenário, e assumindo o quanto os impactos da volatilidade do Mundo VUCA afetou a humanidade nos últimos anos, já fizemos a “travessia” para o novo mundo – o BANI, segundo o futurista Jamais Cascio. BANI – traduzido para o português, vira FANI – um mundo Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível.
Pensando nessa situação, nós – as criadoras do podcast AS NÃO LINERARES (Alessandra Alkmim, Flávia Presoti e Letícia Melo), criamos uma variação do fenômeno Fear of Missing Out (FOMO) que, na língua portuguesa significa ‘o medo de perder algo, de ficar de fora’, para o FOMPO – Fear of Missing Podcasts, que seria ‘o medo de ficar sem os podcasts’. Como estes programas vieram para preencher uma lacuna social, acreditamos que a ausência deles pode ser fortemente sentida pelo ouvinte, já que aquele conteúdo que ele escuta enquanto está fazendo outras coisas e que o faz refletir e rir ao mesmo tempo, é, para ele, espontâneo e ao mesmo marcante. E pegando carona no FOMPO, e indo de encontro ao fenômeno já existente – o JOMO (Joy of Missing Out, ou ‘a alegria de desconectar, de ficar de fora’), criamos outro fenômeno: o JOLPO – Joy of Listening Podcasts (a ‘alegria de ouvir podacasts’), que consiste justamente nessa identificação imediata das pessoas em ouvirem conteúdos de seu interesse, em estado de contemplação, quase como se fizessem parte daquela discussão.
Aproveitando a onda dos fenômenos da atualidade, e já listando os novos acrônimos – FOMPO e JOLPO, compartilharemos aqui os que já existem e os mais recentes, já que nesse novo mundo, o BANI, viveremos dias de incertezas onde algo novo e totalmente disruptivo surge a cada dia. O que nos resta, e pegando carona na fala de Darwin: sobrevive quem se adapta. E essa adaptação às novas demandas e incertezas que surgem todos os dias, exige mais do que ser resiliente; é preciso ser antifrágil frente ao caos e aos desafios do novo mundo.
Vamos aos fenômenos!
FOMO: Fear of Missing Out (o medo de perder algo, de ficar de fora).
FOBLO: Fear of Being Left Out (o medo de não fazer parte, de ser excluído).
FOBO: Fear of Better Option (medo de selecionar a ‘opção errada’).
FODA: Fear of Dating Again (medo de flertar de novo, de voltar ‘pra pista’).
FOGO: Fear of Going Out (medo de sair de casa).
JOMO: Joy of Missing Out (alegria em ficar por fora, de desconectar).
FOMPO: Fear of Missing Podcasts (medo de ficar sem os podcasts).
JOLPO: Joy of Listening Podcasts (alegria ou prazer de ouvir podcasts).
Vale ressaltar aqui que alguns desses fenômenos surgiram durante a pandemia do COVID-19 e que gerou sérios impactos no comportamento e na saúde mental das pessoas. E00 isso faz todo o sentido pela tradução dos acrônimos. São eles: FOGO e FODA.
Ambos os fenômenos, cunhados por profissionais e especialistas de várias partes do mundo, não existem ‘oficialmente’, mas, fazendo uma análise a partir de nosso know how e percepção de mercado, podem ser considerados pela sociedade como extremamente necessários. Hoje, o ser humano e a máquina já estão interligados. Então, todos os impactos vindos da tecnologia devem ser entendidos como uma extensão comportamental digna de aprofundamento e atenção. Quer saber mais sobre esses novos fenômenos? Entre em contato conosco.
SOBRE NÓS
Três mulheres que não têm nada de linear – Alessandra Alkmim, Flavia Presoti e Letícia Melo, entediadas com o isolamento social provocado pela pandemia do COVID 19, não se permitiram ficar paradas. Decidiram criar um canal de comunicação feminino e colaborativo feito para mulheres maduras 40+, para compartilhar experiências e informações relevantes sobre temas atuais e as novas tendências futuras.
Convidamos vocês a ouvirem o podcast AS NÃO LINEARES nas plataformas Deezer, Spotify, Anchor FM e Apple Podcast.
Excelente a matéria. Sucesso!