Quem é que nunca errou o horário de uma medicação, desistiu de tomar aquele medicamento amargo ou parou com o antibiótico assim que ficou livre dos primeiros sintomas? Todas essas práticas são chamadas de não adesão ao tratamento de saúde. Nesses casos, o medicamento pode simplesmente não fazer efeito ou, como no caso de um antibiótico, é possível que a doença se agrave na sequência.

Além dos prejuízos à saúde, a dimensão dessas práticas pode ser dada pelo impacto econômico. A não adesão aos tratamentos gera custos anuais de cerca de 270 bilhões de dólares sobre o sistema de saúde americano, segundo dados do Institute for Healthcare Informatics.

Cientes dessas práticas, médicos, nutricionistas, dentistas e demais prescritores têm buscado alternativas para facilitar a aceitação do tratamento tendo em vista as particularidades e limitações de cada paciente.

É possível preparar formas farmacêuticas próprias para quem tem dificuldade de engolir comprimidos, como crianças e idosos; com sabores e aromas mais agradáveis para quem não suporta o gosto amargo; para uso tópico em vez de ingestão oral para quem sente dores no estômago; ou mesmo inserir diversos ativos farmacêuticos em uma só cápsula para evitar o esquecimento ou troca quando o paciente necessita de múltiplos medicamentos, como é comum entre idosos.

O presidente da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) – entidade que representa as farmácias de manipulação –, Ademir Valério, explica que essa adaptação é ocorre a partir de um olhar individualizado sobre o paciente. “A tecnologia disponível nas farmácias de manipulação possibilita o preparo de um mesmo medicamento em diversas formas, que podem ser adotadas de modo estratégico para se adaptar à realidade do paciente”, diz.

Algumas alternativas para aumentar a adesão ao tratamento:

  • Dificuldade de deglutição: De 30% a 50% da população tem dificuldade de deglutição em alguma fase da vida (crianças, idosos, pacientes com mal de Parkinson ou submetidos a radioterapia). O comprimido tradicional pode ser trocado pela forma líquida, comprimidos ou filmes orodispersíveis (que se dissolvem na boca).
  • Aversão ao sabor: Medicamentos líquidos têm o sabor do fármaco acentuado e nem sempre são bem aceitos. A farmácia pode adicionar aromatizantes e adoçantes para tornar o medicamento mais aceitável. Comprimidos efervescentes também ajudam a mascarar o sabor.
  • Efeitos colaterais: Alguns medicamentos orais causam dores no estômago do paciente. No caso de anti-inflamatórios, pode-se optar por adesivos ou pomadas de uso tópico com efeito sistêmico. Também podem ser alternativas para algumas injeções.
  • Esquecimento: Alguns tratamentos, como os anti-hipertensivos, demandam uso de vários fármacos simultaneamente. Para evitar que o paciente se confunda com os horários e os medicamentos diferentes, é possível preparar cápsulas de liberação prolongada (toma-se apenas uma vez ao dia) e/ou associar diversos fármacos em uma só formulação (reduzindo a lista de medicamentos que precisam ser lembrados).
  • Tratamento local e sistêmico: Géis próprios para mucosa, com ação bioadesiva, dão mais conforto ao paciente e, além de serem absorvidos pelo organismo de forma sistêmica, aumentam o tempo de contato com a área afetada (quando há lesão ou infecção por fungos por exemplo).

Curso gratuito

De 5 a 7 de junho a Anfarmag realiza uma série de atividades voltadas para profissionais de saúde e farmácias de manipulação dentro do Congresso Internacional Consulfarma, no Palácio das Convenções do Anhembi Parque (Av. Olavo Fontoura, 1.209, Santana). Entre elas, está o curso “Formas farmacêuticas para maior conveniência e aceitação pelo paciente (patient-friendly) – inovando com ciência e profissionalismo”. O treinamento, gratuito, será ministrado pelo mestre em Ciências Farmacêuticas, Anderson de Oliveira, no sábado (7) das 8h às 12h. Para participar, basta fazer a inscrição no estande da Anfarmag. Informações: (11) 2199-3499 – www.anfarmag.org.br

Congresso Consulfarma: www.congressoconsulfarma.com.br

Sobre a Anfarmag

A Anfarmag é uma entidade sem fins lucrativos que zela pela defesa, promoção e desenvolvimento do setor magistral, voltado para a preparação (manipulação) de medicamentos e produtos para a saúde de forma personalizada que atendam às necessidades específicas de cada paciente. Atualmente, conta com 12 regionais e oito sucursais distribuídas pelo Brasil. Uma das prioridades da Anfarmag é reforçar a relevância do exercício adequado nas farmácias magistrais para garantir as boas práticas de manipulação, preservando o comprometimento ético e a responsabilidade do setor para a saúde da população.