“Talvez haja uma razão para acreditar que você ficará bem
Porque quando você não se sente forte o suficiente para ficar
Você pode alcançar, estender sua mão”.

Esse é um pequeno trecho da música “You will be found” (“você será encontrado” na tradução para portugûes) do filme Querido Evan Hansen, com estreia marcada para 18 de novembro, no Brasil. A trama gira em torno de Evan, um adolescente que sofre de fobia social, ansiedade e depressão. Fazendo um exercício proposto por seu psiquiatra, ele escreve cartas para si mesmo, como forma de expor um pouco seus sentimentos, até então não revelados para ninguém, nem mesmo sua mãe. Nelas, ele fala sobre o desejo de fazer parte de algo, ser ouvido, visto, notado pelas pessoas que o rodeiam.

E a questão que fica é: quantas pessoas sentem que não são ouvidas? Quantos de nós gritamos em silêncio? Quantos de nós nos sentimos sozinhos, mesmo rodeados de gente?

Muito se fala sobre saúde mental, principalmente depois da chegada da pandemia. Mas talvez esse assunto não seja aprofundado da forma devida. Levantamos hashtag em prol das doenças de fundo emocional, enquanto grande parte de nós pegam o celular para gravar uma pessoa com crise de ansiedade na rua. Ou ainda: muitos de nós tratamos a situação como fruto de fraqueza, vitimismo ou loucura.

A verdade, como na música, é que não devemos sofrer sozinhos. Não queremos nos sentir sozinhos. Mas essa máscara do “está tudo bem” só vai sumir quando a sociedade entender que está tudo bem não estar bem em determinado momento. Ninguém tem que se esconder por medo de seus defeitos. Afinal, todos temos os nossos, não é mesmo?

Quando esse exercício de olhar pro lado e tentar se pôr no lugar do outro ao invés de julgar suas limitações, certamente, muitas pessoas sentirão que fazem parte de algo, como a carta escrita por Hansen para ele mesmo.

“Do lado de fora, sempre procurando
Será que serei mais do que sempre fui?
Porque eu estou tocando, tocando, tocando no vidro
Acenando através de uma janela
Tento falar, mas ninguém consegue ouvir
Então espero que uma resposta apareça
Enquanto eu estou assistindo, assistindo, assistindo as pessoas passarem
Acenando através de uma janela, oh
Alguém pode ver, alguém está acenando de volta para mim?”
(Waving Through A Window, Querido Evan Hansen)

Nesse outro trecho do filme, que é uma adaptação de um musical da Broadway, Evan faz uma analogia das redes sociais com uma janela. Outro aspecto muito delicado e que tem contribuído para o aumento do índice de ansiedade e depressão é justamente a vitrine falsa criada pelas plataformas digitais de relacionamento. Milhões estão ali, ostentando uma vida falsamente perfeita que só faz com que pessoas comuns se sintam mais solitárias.

Então, fica aqui o convite: vamos começar a ouvir, respeitar, compreender e fazer a diferença na vida das pessoas?